quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Chibata

 08 de maio a 16 de junho de 2010

Artista: Clécio Penedo




A Revolta da Chibata foi um motim desencadeado por marinheiros, em 1910 na Baía de Guanabara – RJ, contra os duros castigos físicos a eles impostos por oficiais de alta patente. Em meio a uma disciplina rígida, caracterizada pela prática de submeter os marujos a chicotadas quando cometidos atos de indisciplina, mais de dois mil marinheiros aderiram à revolta sob a liderança de João Cândido Felisberto e, de 22 a 27 de novembro daquele ano, ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro caso a punição por meio da chibata não fosse suspensa. Ao curso deste confronto militar entre marinheiros revoltosos e as altas patentes, muitos foram presos e, dentre os mortos, encontravam-se ao menos seis oficiais, entre os quais o comandante do couraçado “Minas Gerais”, João Batista das Neves.
Para tratar da “Revolta da Chibata”, Clécio Penedo lança mão do expressionismo alemão, não sem razão, posto que dificilmente a qualidade técnica de uma representação realista daria conta da intensa violência e dramaticidade das abordagens do artista. O expressionismo tem sua origem na Alemanha entre os anos de 1905 e 1914. De forma muito sucinta, podemos dizer que no expressionismo a arte liga-se à ação, e por meio desta, cria-se a imagem rejeitando a verossimilhança, acentuando e distorcendo as formas.  Podemos definir como características do expressionismo a crítica social, a deformidade das figuras, as cores contrastantes e pinceladas fortes, e também o retorno das artes gráficas (desenho e gravura). A poética expressionista encontra sua motivação no cotidiano, dando ênfase ao drama, ao sexo e à morte.
O caráter expressionista da série Chibata não só nos aproxima das distorcidas máscaras de Emil Nolde e Jame Ensor enquanto crítica social, apontando para o motim de 1910, como chama a atenção para o resultado da pesquisa gráfica de Clécio Penedo, isto, no sentido em que a série Chibata nos coloca em frente a revitalização de procedimentos utilizados pelo artista na década de setenta e no direcionamento à diluição da imagem para o surgimento de um corpo amorfo e mutante, visto nas séries seguintes Inominados e Corpo sem Cabeça.
Exposta uma única vez, em 1996 no Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro, a série Chibata foi escolhida para celebrar a fundação do Instituto Cultural Clécio Penedo – ICCP, com sede na cidade de Quatis - RJ.

 Edson Rodrigo Borges


Mesa redonda:
dia 29 de maio, sábado, às 15h, com a presença do professor André Couto.
Tema: Arte, política e educação na obra de Clécio Penedo

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